A Atriz
Esta é uma história real entre mim e uma atriz conhecida em Portugal. Para preservar a sua identidade recorri a um nome fictício - Beatriz
O caralho do aeroporto estava à pinha. Procurei um sítio reservado e abanquei algures entre duas filas de cadeiras, frente a frente. Passados uns minutos ela e a mãe sentaram-se a três lugares de mim, no lado oposto. Ela olhou, parecia que ia dizer alguma coisa, mas ficou calada.
Que corpo!
Sabia que era atriz porque aparecia em todo o lado- Tv, revistas, redes sociais... Não costumo ver telenovelas, por ser perda de tempo, com aqueles guiões à procura do conflito barato, diálogos artificiais e uma porção de atores de merda.
Mas lá estava ela, a famosa que me queria dizer alguma coisa.
-- Desculpe, sabe qual é a porta de embarque para Lisboa? - Foda-se. Tanta hesitação para uma pergunta destas.
-- A53. - Respondi. A informação estava em todos os filhos da puta de ecrãs do aeroporto.
-- Obrigada. Também vai para lá?
-- Sim. - Foi simpática e eu demasiado seco. Perguntei-me se não lhe devia ter dito mais nada.
Era bonita.
Tirei os cornos do telemóvel e olhei para a actriz, tentei reter a sua imagem para, num dia de aperto, bater uma punheta à sua saúde. Já vi algumas que parecem todas jeitosas na televisão, depois estão à frente de um gajo, ao vivo, e não valem um cú.
A Beatriz não. Era mesmo linda, a filha da mãe.
Apercebeu-se que estava a olhar para ela e retribuiu-me. Fez um sorriso quase imperceptível, tímido, por delicadeza.
E eu, com a minha cara de rebarbado.
Na gigantesca fila para o avião, aquela merda dava voltas e mais voltas, parecia o snake (o famoso jogo do nokia 3310), de vez em quando ficava em posição perfeita para a ver. Reparei algumas vezes que era ela quem me olhava.
Estaria assustada aqui com o rebarbadão, sempre a mirá-la.
Mesmo quase a entrar para o avião, esboçou um sorriso piedoso. Desgraçada, devia pensar que eu seria algum fã ansioso por lhe pedir um autógrafo. Não! Não peço autógrafos, nem fotografias, nem o caralho, a ninguém.
Andar a idolatrar pessoas… foda-se!
Também viajou em turística, como eu, que os atores em Portugal ganham uma miséria, quase todos a recibos verdes. Ela foi lá para trás e eu fiquei ali feito parvo, no meio do avião. Calhou-me um gordo ao lado, que ocupava três lugares. Fiquei todo espremido, com fones nos ouvidos, a tentar ver filmes.
Ele cheirava a bacon.
A merda de andar de avião é que não durmo porra nenhuma. Papo três ou quatro filmes numa noite e chego ao destino invariavelmente, todo fodido.
Comecei a imaginar comê-la na casa de banho do avião. Às tantas, fiquei com uma tesão do caraças e ao mesmo tempo, uma vontade de mijar descomunal. Atravessei o corredor em direção ao WC, meio marreco por estar de pau feito, ía a olhar para todo o lado, como uma barata tonta, para ver se a conseguia distinguir no meio daquelas cabecinhas todas.
Estava a dormir - bela merda.
Estive quase para bater uma no WC, mas havia uma fila grande à espera e ainda me vi forçado a pensar em acidentes e coisas assustadoras para baixar a pila, e só então consegui mijar… Como demorei muito tempo, os gajos da fila olharam para mim como se estivesse estado a cagar.
Os filhos da puta!
Quando saio do avião, gosto sempre de fazer um desvio na primeira casa de banho que encontro para lavar os dentes. É que fico com um hálito radioativo.
E não é que quando saio, já com o bafo fresco e a confiança restaurada, encontro a desgraçada da atriz a sair do WC, ao mesmo tempo! Sorri-lhe todo anormal, como um palhaço triste, e ela perguntou-me. - Vai regressar ao Rio? - A tratar-me por você, como se eu fosse um velho qualquer.
E não é que quando saio, já com o bafo fresco e a confiança restaurada, encontro a desgraçada da atriz a sair do WC, ao mesmo tempo! Sorri-lhe todo anormal, como um palhaço triste, e ela perguntou-me. - Vai regressar ao Rio? - A tratar-me por você, como se eu fosse um velho qualquer.
-- Vou. Dentro de duas semanas. E tu?
-- Fico algum tempo em Portugal. Depois devo regressar, tenho lá um convite para uma peça de teatro, daqui a sete meses.
-- Olha, porque não combinamos algo enquanto estamos por cá? Dás-me o teu número? - Pedi naturalmente, confiante, porque estava um bocado a cagar-me se ela respondesse que não. De forma quase automática, para surpresa minha, disse-me o número de telemóvel.
Que não apaguei até ao dia de hoje.
É sempre um filme na minha cabeça, telefonar para alguém. Tenho de preparar o que vou dizer, falar com o espelho em voz alta, repetir, ensaiar, imaginar as putas das respostas.
Estive duas horas para lhe telefonar.
Quando ganhei finalmente coragem, estava ocupado. Foda-se, que sorte! Pensei eu. Enviei mensagem. Recebi a resposta após alguns minutos.
Queria encontrar-se comigo no Parque das Nações, na manhã seguinte.
Trazia óculos de sol, o cabelo apanhado, vestia yoga pants e um casaco de fato-de-treino cinzento escuro, com capuz. Exibia um estilo sloppy, dissimulado. Cheirava bem, estava levemente maquilhada e aquele casaco curto com a calça justa destacavam-lhe o rabo. Passeámos enquanto conversávamos.
Àquela hora vê-se muita gente a correr - psicopatas do caralho.
Estava bastante descontraído e bem-humorado, a nossa conversa fluiu bem. Nunca me impressionei com pessoas famosas. Ser conhecido não é um atestado de superioridade.
Apesar de estar meio camuflada, algumas pessoas abrandavam o passo e ficavam a olhar para ela. Houve ainda duas mulheres, dos seus cinquenta e tal anos, que nos fizeram parar e foram agradáveis com a Beatriz, disseram que adoravam acompanhar o seu papel na novela e deram-lhe os parabéns, perguntaram o que se ia passar a seguir e ela contou. Ficaram todas felizes e seguiram o seu caminho.
Acabámos por nos sentar na esplanada de um quiosque qualquer para tomar café. Sentia-se um fresco matinal, mas estava solarengo.
Um filho da puta de dia agradável.
Contou-me acerca dos projetos que tinha em mente. Queria escrever romances e detestava guiões, apesar de ter apresentado algumas ideias que motivaram interesse de pessoal influente da televisão. Tenho para mim, que eram tipos que lhe queriam saltar para a espinha e diziam que sim a tudo para o conseguir. Planeava criar uma marca própria para se auto-sustentar e usava as redes sociais e alguns patrocínios para ganhar um rendimento extra.
Segundo me disse, mas toda a gente sabe, aquele trabalho é demasiado precário, de um momento para o outro deixa-se de ser chamada para a televisão, o teatro paga mal e o custo de vida é sempre mais elevado que o de uma pessoa anónima.
O gajo da +Television (nome fictício) ligou-lhe durante a tarde. Tinha um projecto para iniciar daí a um mês, e não seria demasiado longo. Uma mini-série, segundo me disse. Estava satisfeita com essa perspetiva de trabalho e muito bem-disposta. Comemos sushi e bebemos Alvarinho. Escorrega sempre bem, por isso despachámos duas garrafas.
O sushi era uma merda.
Esta mania de encher as peças todas com Philadelphia dá um enjoo do caralho, o peixe era fresco mas vinha carregado daquela trampa.
Não enchi demasiado a pança porque tinha esperança que fodêssemos mais tarde.
O meu hotel ficava ali perto, por isso caminhámos até lá. No bar, que ficava ao lado da recepção, havia um gajo de óculos com um computador, e outro meio careca, sentado ao balcão a empinar canecas.
Era o careca da caneca.
Ouvia-se música de elevador e sentámo-nos a uma mesa de canto, bebemos Porto. Picava-a com piadas parvas ao ouvido, como a do careca, e ela dava-me pequenos murros no ombro.
É bom sinal.
Se não houver contacto físico enquanto ainda estamos vestidos… nunca chegaremos a despir, juntos.
Percebi a dada altura que, ou arranjava forma de a beijar, ou subiria sozinho para o quarto. É sempre um momento delicado, um tipo não se pode lançar à queima-roupa com as beiças escancaradas, mesmo que saiba que ela também o quer.
Se falha o beijo, morremos.
Então, fui aproximando os lábios dos dela. Vi que não se retraía. Depois afastava-me, sorria-lhe, falava um pouco... e aproximava-me de novo.
Era preciso criar-lhe expectativa.
Finalmente, quando a beijei tudo pareceu natural, embora fosse planeado ao milímetro, ao nano-segundo. Quis subir comigo ao quarto, e fomo-nos beijando dentro do elevador, depois no corredor, como um casal de namorados. Assim que entrámos no quarto disse-me que precisava de ir à casa de banho e fechou-se lá dentro.
Fiquei sentado na poltrona, enquanto esperava.
Veio até mim e subiu-me para o colo. Continuámos a beijarmo-nos e deslizei a mão por baixo da camisa para lhe acariciar as costas. Fui-lhe desapertando os botões e ela acabou de se despir. Deu-me um pequeno puxão na blusa, como sinal para que a tirasse. Obrigou-me a descer as calças, meteu-se de joelhos
e chupou-me.
Felizmente, quando bebo uns copos demoro uma eternidade a vir-me. Se estivesse demasiado sóbrio, teria acabado comigo logo ali.
e chupou-me.
Felizmente, quando bebo uns copos demoro uma eternidade a vir-me. Se estivesse demasiado sóbrio, teria acabado comigo logo ali.
Na cama, lambi-a como se não houvesse amanhã.
Evitei que chegasse ao orgasmo para que não relaxasse demasiado, mas estava tão molhada que escorria como dois pequenos rios que lhe atravessavam as nádegas.
Entrei dentro dela e comecei devagar.
Também isto era premeditado, calculado ao pormenor. É sempre preferível começar lentamente e acabar à bruta, especialmente quando é a primeira vez que fodemos alguém.
Não mudámos de posição até que ela gozasse.
Eu já sabia que não me iria vir… o Alvarinho.
Dormimos menos de duas horas.
Fodemos três vezes ao longo da noite.
Fodemos três vezes ao longo da noite.
Acordou-me já de manhã, com um broche a meio de um sonho.
E fez-me vir dentro da sua boca.
Tomámos o pequeno-almoço juntos, como se fossemos um casal.
E nunca mais falámos.
Guardo aqui o número dela, penso que ainda é o mesmo…
Comentários
Enviar um comentário