Moët & Chandon - Ela



Hoje em dia, toda a merda funciona através da internet. Fazemos compras, vendemos, escrevemos, contactamos, casamos, fodemos… Quando o conheci, não fomos exceção. 

Usámos o velho facebook.

Jantei com duas amigas num gastro-bar que tinha música ao vivo. Era uma banda de covers e a vocalista muito boa. Situava-se num condomínio fechado e era atravessado por uma piscina com palmeiras e aloé-vera ao longo das margens. As minhas amigas queriam ir a um bar porque andavam de olho nuns rapazes. Para mim, já era hora de ir para casa. Tinha de levar o meu “pilas” ao karaté na manhã seguinte e já se fazia tarde. - Vão vocês, hoje tenho de ir para casa. - Elas entenderam e não levantaram ondas.

Afinal, já deviam ser cerca das duas horas da manhã. 

Não fiquei bêbada, mas sentia a sangria a dançar-me no cérebro. Fiquei a imaginar como seria o resto da noite delas e deixei fugir o sono. O meu filho dormia, o cabrão do meu marido dormia. Percorri o feed no telemóvel para matar tempo. Recebi algumas mensagens, mas aborrecia-me falar com ex-namorados ou conhecidos de longa data. 

Apeteceu-me algo menos complicado. 

E como já tinha visto algumas fotos dele, decidi responder-lhe. - Estou sem sono. E o menino?
Contou-me que também tinha saído com amigos, trabalhava num parque de escritórios., tinha namorada e gostava dela. 

Pareceu honesto. 

Normalmente contam sempre a mesma tanga, como as coisas estão mal na relação e procuram algo diferente. Não tinha expectativas mas gostei de falar com alguém que me parecia compreender. Pediu-me o número de telefone para ligar no dia seguinte. 

Não sei porquê, acabei por ceder.

Este lado virtual que as redes sociais nos oferecem, permite que consigamos ser mais honestas a conversar com uma fotografia do outro lado do que propriamente com alguém de carne e osso, mesmo à nossa frente, por muito íntimos que sejamos. Com a realidade camuflada pelo mundo virtual, acabei por desabafar mais do que esperava. Tenho a certeza que ele estaria a pensar em como faria para me saltar para cima, 

mas esquecia-se de quem verdadeiramente manda. 

O telefone tocou e eu fui para o armazém da loja. - Olá. - Ouvi do outro lado, não era grande voz. 

Gosto de ouvir uma voz grave, profunda. 

Mas soou-me a um pássaro nervoso. - Ah olá. Sempre ligaste. - Falei num tom de desdém, com o propósito de não parecer muito surpreendida e ainda assim, ligeiramente desinteressada.
- Claro. Então, o que estás a fazer hoje? -  Mas que merda de pergunta. Senti-o nervoso e decidi dizer-lhe tudo o que iria fazer nesse dia, para que percebesse que era uma pessoa ocupada, e ele um privilegiado por falar comigo. 

Acho que não ouviu um caralho, mas não levei a mal.

- Devíamos tomar um café para conversarmos, o que achas? - perguntou, depois de me ouvir durante uns quatro ou cinco minutos.
- Acho bem! Olha, o que fazes Sexta-feira? Podíamos almoçar. - Pois é meu querido, cafezinho é para putos. Estás a lidar com uma mulher. 
- Ahm… Ok! - Ficou atrapalhado, pobrezinho. - Fica para Sexta. 
Sabia que ele também era comprometido e não desejaria ser visto sem a namorada, teria que se esforçar um pouco, escolher um sítio reservado para me levar. 

O que afinal, também me seria conveniente. 

Na verdade, eu já só queria um motivo para o cabrão do Belga se separar. Nove anos antes, quando era uma pita a frequentar a escola secundária e ele, vinte anos mais velho que eu, conseguiu dar-me a volta actuando como uma espécie de “sugar daddy”. Ganhava muito dinheiro, era solteiro e queria-me para casar. 
Quando se cresce toda a vida sem pai (morreu quando eu tinha três anos) e longe da mãe, numa casa de família afastada onde sentia estar a mais, com apenas 17 anos e financeiramente dependente de esmolas, tudo o que se quer, é fugir. E as perspectivas eram muito melhores que as das minhas amigas do bairro, cujo desfecho foi acabar a levar nas trombas dos maridos que também ali cresceram. Ou então iam visitá-los à prisão. 

Outros acabaram mortos.

 Após um mês de namoro, o Pierre comprou bilhetes de avião e fui conhecer a família dele em Lokeren. Receberam-me bem, apesar de não falarmos a mesma língua. Pareciam aliviados por verem o filho com quase 40 anos, finalmente com uma namorada. Sim, deu para perceber logo na altura, que não era muito experiente, embora tivesse tentado transmitir-me outra imagem. Não me sabia agarrar, parecia que tinha medo de partir, como se eu fosse de porcelana. Depois colocava-me num pedestal como uma menina singela e nem sequer me lambia a cona, 

cheio de vergonha e todo nojentinho.

Claro que eu, uma miúda com a vida toda pela frente, comecei a querer mais. Queria sair. Gostava de flirtar com miúdos da minha idade e de ainda me sentir desejada. Porque com ele, era sempre tudo muito certinho, muito aprumadinho, não havia espaço para excitação. Era um bom homem, não era agressivo e deixava-me usar o cartão de crédito sem pedir grandes justificações. 

Mas sentia-me presa, demasiado dependente dele. 

Na minha essência, nunca fui uma mulher dependente. Mas sempre dependi dos outros.


Imagem de andreas160578 por Pixabay

Sexta-feira, decidi deixá-lo à espera até à última hora. Por volta das 12h30, quando finalmente entrei no carro, liguei-lhe. Percebi que já começara a perder a esperança, ótimo!
Estacionei no parque dos escritórios onde Henrique trabalhava e entrei no seu carro, recebeu-me com um sorriso e partimos. 

Conduziu para longe, o que me pareceu bem.

O restaurante era agradável. Junto ao mar, com praia privada e DJ, gente bem vestida e gente descontraída. Um deck bonito mas pouco prático para saltos altos, apesar de algumas mulheres usarem. Não consegui deixar de reparar no casal ao nosso lado. Ela, com um vestido lilás e chapéu a condizer, demasiado adornado e próximo ao ridículo. Ele, com poucos modos, focado na bebida e de cara fechada, vestia um fato azul royal com brilhantes, gravata bordeaux e sapatos em bico, como se estivesse no casamento de algum primo. 

Bebiam uma garrafa de Moët & Chandon.

Do outro lado, estavam dois casais que pareciam ser amigos. Elas em biquinis brasileiros floridos e cangas com mandalas e eles com t-shirts claras e calções de banho às riscas. 

Bebiam… Moët & Chandon. 

Pavões. Não, não lhe faria isso no primeiro encontro. Percebi o seu ar meio assustado e pedi um Vinho Rosé qualquer, para não lhe lhe provocar um colapso nervoso.
Haveria um Sunset durante a tarde e o DJ estava a preparar a mesa. Nós conversávamos e entendíamo-nos. Ele queria parecer muito interessado em mim e fazia-me várias perguntas. Pensou que disfarçava bem, mas tornava-se artificial e percebi rapidamente. De qualquer modo aproveitei para falar pelos cotovelos, senti-me à vontade para isso. As conversas com as minhas amigas eram demasiado superficiais e havia sempre uma pequena competição entre nós. Com o cabrão do Belga, nem dava para conversar, vinha sempre cansado do trabalho e queria ver as notícias na TV e dormir no sofá. 

As horas passaram e acabámos por ficar para jantar. 

A música estava agradável e não havia vento na praia. Podia fodê-lo mesmo ali, no areal, depois chegaria a casa cheia de areia e seria difícil explicar. Não que isso me preocupasse muito, mas era stress desnecessário com o Pierre.
Aproveitei quando Henrique saiu para ir ao WC e pedi a conta. Queria mostrar-lhe que não andava à procura de um homem para me patrocinar. Já havia o meu marido e o meu sócio que também queria casar comigo (chegou a pedir-me em casamento, na inauguração da loja), ambos carregados de dinheiro. Admito que aproveitei-me do facto do meu sócio se oferecer para pagar o investimento total da loja, mas nunca lhe dei verdadeira esperança, o desgraçado achou que me tinha comprado. 

Ganhou um broche e já teve muita sorte.

Íamos no carro a conversar quando percebi que aquele palerma não estava a compreender que estava pronta para o foder. Já não era uma pita que não sabe o que quer, era mulher feita, mãe, e com pouca paciência para jogos de mais. O encontro tinha corrido bem, mas o cromo ia-me deixar no estacionamento e não me apetecia fazê-lo num carro, como dois adolescentes. Rapidamente mudei de assunto e coloquei os pontos nos is

- Sabes o que gosto na vida? Ou sim, ou sopas! Ou se fode, ou se sai de cima! 

Foi preciso ser tão direta para o totó perceber ao que íamos. - Então, fode-se. - Respondeu-me por fim. 

Ficou todo excitado, o pobrezinho. 

Não esperava aquele desfecho, não esperava uma mulher direta. Mas percebi que gostou de cair nas minhas mãos. 

E eu, de ter esse poder.


Imagem de Saulius Rozanas por Pixabay

Vivia sozinho e a casa não cheirava a lar. O ambiente era frio e a decoração escassa. Pelo menos estava limpa. Não iluminou demasiado o apartamento, teve esse bom senso. Abriu uma garrafa de bom vinho tinto, muito melhor que aquela porcaria rosé de antes, meteu uma música e ao fim de pouco tempo, começámos a dançar. 

Coloquei os braços à volta dos ombros dele e ficámos juntinhos. 

De vez em quando roçava a minha anca na dele e sentia-o teso, diverti-me com isso, fingia-me despercebida. Ele gostava de fazer um jogo de toca e foge, aproximava a boca, não beijava, respirava-me ao pé do pescoço e da orelha, não tocava. 

O cabrão estava a fazer aquilo durar e eu já não aguentava a vontade de foder. 

Quando finalmente me beijou, ainda teve o desplante de me morder o lábio e afastar a cara. Puxei-o e beijei-o como deve ser. 

As línguas entrelaçaram-se e fizeram amor antes do resto dos nossos corpos. 

Arranquei-lhe a blusa do corpo e ajudou-me a despir a minha. Desapertei o botão das minhas calças e pegou-me ao colo. 

Ok, pelo menos tinha força para levantar uma mulher - gostei.

 Carregou-me até ao quarto e deitou-me na cama. Era justo, mandei no nosso encontro, ele podia mandar ali. Tirou-me as calças e as cuecas ao mesmo tempo, dava selos pelo corpo enquanto se despia e voltou a beijar-me a boca encostando o corpo nu e quente, ao meu. 

Pensei que me fosse penetrar, 

mas a intenção dele era outra e foi-me beijando com pequenas lambidelas por todo o corpo, depois passava perto da cona e só lhe soprava o ar quente da boca. 

Andou ali a brincar e eu queria que me provasse. 

Por fim, lambeu-me devagar mas com gosto, com a língua a passear entre o períneo e o clitóris. Quando chegou lá acima, beijou-me os lábios da vagina como quem beija uma boca. 

Que tesão! 

Depois, foi-me lambendo sem pressa (às vezes os homens começam a lamber-nos com a ponta da língua freneticamente para ver se despacham a coisa e uma mulher tem de fingir que goza, só porque aquela merda dói). Beijava, lambia, sugava levemente, como se fosse outra mulher a fazer-me um minete. 

Meteu um dedo dentro, depois o outro. 

E eu estava tão molhada que conseguia sentir cada milímetro que me entrava, primeiro devagar, depois a um ritmo cadente. A língua começou a trabalhar ao mesmo ritmo e o orgasmo aproximava-se. 

O filho da puta estava divertido a ver-me contorcer toda.

Vim-me e a sua boca não me largou de repente, foi baixando o ritmo e finalizou a com beijos leves, e eu completamente relaxada. 

Podia dormir... se ninguém me chateasse, dormiria o resto da noite. 

Mas ele relembrou-me que ainda não tinha fodido quando me começou a beijar a boca e senti o seu pau duro, contra as minhas coxas. Tentei ganhar forças e puxei-o com os braços para entrar dentro de mim. 

Meteu todo. Devagar, mas todo. 

Faria-me doer se não estivesse tão molhada. Assim, foi um belo bocado de prazer. - Fode-me toda! - Pedi-lhe. 

Vi como estava excitado. 

Aumentou o ritmo progressivamente e quando já me comia como deve ser, mandei. 

- Fode a tua puta! 

Ele, com ar surpreendido e o corpo transpirado, cheio de tesão, meteu-me a mão no pescoço, mas não apertou. 

- Aperta! 

Incentivei para que perdesse o medo de me fazer mal. Acabei por me vir outra vez e, ao mesmo tempo, ele explodiu dentro de mim. 

Era meu.



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